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Brisa Flow: a fluidez da arte de resistência

A trajetória da multiartista que não teme se arriscar entre as diversas formas de expressão.


Foto por Laryssa Machada.


Brisa Flow é cantora, musicista, compositora, poeta, performer, produtora musical, ativista e um dos principais expoentes do indígena futurismo no Brasil. Sua arte é marcada pela mistura da levada latina com rap, eletrônico e neo/soul. O álbum de lançamento da artista esteve entre os 20 melhores lançamentos de 2016 selecionados pelo Estadão. Além disso, a cantora foi considerada a artista “aposta” da Folha de São Paulo em 2017 e recebeu o prêmio Olga Mulheres Inspiradoras.


Nascida e criada em Minas Gerais, Brisa de la Cordillera é filha de um casal de artistas chilenos e, durante a infância, passou muito tempo isolada dentro de casa pelo fato de sua mãe temer que ela e o irmão sofressem xenofobia no Brasil. Diante desse cenário, ela cresceu em contato com as músicas e histórias dos povos nativos chilenos, o que fez com que a artista tivesse fortes influências da sua cultura e se reconhecesse nessa identidade.


Mesmo que muito protegida pela mãe, Brisa tinha alguns contatos com o mundo externo e, desde muito jovem, pôde sentir a pressão pelo embranquecimento no país. Para tentar se encaixar nos "padrões da sociedade", ela tentou alisar mais seu cabelo, usou algodão no nariz para deixá-lo para cima, maquiagens em tons claros, entre outras coisas. Mas foi quando começou a frequentar as batalhas de rap e o cenário punk, que ela despertou a consciência de ser quem realmente era. Em entrevista com o Itaú Cultural, a cantora diz que sente que o rap e a cultura negra a abraçaram muito.


Este período foi fundamental para que Brisa Flow desse o pontapé inicial na sua carreira. Inclusive, ela justifica o nome artístico pelo fato dele apresentar uma musicalidade livre, que flui, assim como suas composições, que sonorizam temas relacionados à vivência das mulheres e a desigualdade social presente na América Latina.


Em 2013, a artista se mudou para a cidade de São Paulo (SP) e seu caminho na arte passa a ser cada vez mais concreto. Em 2016, ela lança seu primeiro disco "Newen", que significa "força" na língua nativa do povo mapuche. A obra ficou nas listas dos melhores discos do ano selecionados pelo Estadão, Brasileiríssimos e Noticiário Periférico.



No álbum, é possível sentir, junto com Brisa, sua vivência como mulher indígena em um contexto urbano. A sonoridade passeia entre elementos da música popular brasileira, hip hop e remete à ancestralidade da artista. Além das letras potentes que revelam sua identidade pulsante e fortalecida.


A partir daí, a cantora lançou outras músicas, como "Raia o Sol" e "Dias e Noites de Amor", e preparou seu público para que em 2018, lançasse seu segundo disco “Selvagem Como o Vento”, no Instituto Tomie Ohtake.


Neste álbum, é possível notar um amadurecimento da artista, que construiu os instrumentais com sons orgânicos e eletrônicos tocados com instrumentos analógicos. Com letras que abordam o amor próprio, a resistência, processo de cura e empoderamento, Brisa Flow teve o cuidado de se dar espaço para criar o que surgisse. Além de fazer aulas de antropologia na sua licenciatura em música.


Música "Fique Viva", do álbum “Selvagem Como o Vento” (2018).


Através deste álbum, a artista se apresentou em diversos palcos pelo país, como no Festival Tekô Porã Niterói, Festival de Inverno de Garanhuns PE e Museu de Arte de São Paulo (MASP).


"Então, queria colocar o nome em Mapundungun para manter viva esta tradição. Mas como o meu nome é Brisa de La Cordilera Collío, ‘Collío’ significa, em Mapundungun, 'gavião colorido'. Então, o meu novo projeto representa o vento da Cordillera que leva o gavião colorido. De uma forma geral, tem tudo a ver com a minha música, que tem um flow indomesticável, livre, em que se constrói, — ora mais rápido e forte, ora mais lento e leve — , assim como o vento".

Trecho da entrevista de Brisa Flow para a plataforma cultural MECA.


Em 2020, Brisa lançou o EP "Free Abya Yala" em parceria com Francisco Schuller, Vitor Ciosaki e Philipi Santos de Lima. Diferente de seus outros trabalhos, o EP traz uma proposta com versos e sons improvisados pelo quarteto, bebendo na fonte do jazz.

Por meio da sua arte, Brisa traz a tona temáticas sobre identidade, ancestralidade, cultura, sexualidade, maternidade e luta de maneira fluída e sem tabus. Seu cuidado com todo o processo criativo, do desenvolvimento do trabalho até o momento que alcança o público, é que torna seu trabalho tão original, verdadeiro e necessário. Que suas diversas formas de se expressar alcancem mais pessoas e inspirem muitas gerações de mulheres!♥︎


Acompanhe a artista nas redes e apoie sua arte:

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